terça-feira, 11 de março de 2008

Eu

Eu sou a que no mundo anda perdida
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do sonho, e deste sorte
Sou a cruxificada...a dolorida...

Sombra de névoa ténue e esvanecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de leite sempre incompreendida!...

Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chama triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber por quê...

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo p´ra me ver
E que nunca na vida me encontrou!

Florbela Espanca, em "Sonetos Completos"

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